quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lembrança: Pode entrar, a casa é sua.

Ninguém tem as lembranças que quer. Eu acho que as lembranças é que escolhem a gente. E elas são tinhosas.

Um momento pode passar e você nunca lembrar. Por outro lado, pode ordenar severamente todas as células do seu corpo a esquecerem aquela maldita lembrança e ver todas elas desobedecerem com um sorrisinho cínico. Lembranças são teimosas, eu avisei desde o começo...

Mas, a gente também escolhe as lembranças. Porque cada minutinho vivido requer uma decisão: desde as mais insignificantes até as que podem virar tudo de cabeça para baixo. É dessas decisões que nascem, de parto inevitável, as lembranças. Algumas já natimortas... não sei porque não "vingam". Outras, crescem, se criam, arrumam a cama e lá ficam.

Eu gosto de ter lembranças. Gosto de tê-las comigo, como troféus da minha vida. Algumas que fazem o coração bater forte... e eu deixo. Sinto cada bombear de sangue, como se pudesse revivê-las. Outras chegam inesperadas e entram como um punhal, avassaladoras. Me deixo furar e sangrar. Pelo prazer de sofrer pelo que não volta, pelo que é impossível... Tem as que me fazem dar risada no meio da rua, e as que são tão boas que me aquecem: vêm para eu não esquecer que vale a pena viver. Outras são só minhas, de mais ninguém, ou de mais apenas alguém... Talvez essas sejam as filhas preferidas, que despertam ciúmes em todas as outras. 

Eu lembro muito! Quase a todo momento. Eu lembro de muito... do que devia e do que não devia. Mas ok, pelo menos não tem monotonia. Ou, talvez os gânglios basais do meu cérebro sejam simplesmente loucos. 

Lembranças são inesquecíveis. E talvez eu ache isso porque não lembre de alguma lembrança que eu tenha esquecido. E já que são teimosas inveteradas, não ofereço resistência. Escolhi conviver com elas assim, em paz. Deixo a porta aberta, para irem e virem, livremente. Quando uma bate a porta ou mesmo arromba, sem pedir licença, eu simplesmente respondo, lá do último quarto da alma: "Pode entrar, a casa é sua".

Música que escutei hoje e que iniciou tudo isso:


10 comentários:

  1. muito lindo, me fez lembrar de muitas coisas!! rsrsrs

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  2. "Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança". Apesar de as lembranças serem tinhosas, podemos listar de vez em quando boas coisas do passado e por elas encontrar ânimo e alegria. Tratar bem as lembranças, mesmo as ruins, ajuda-nos a viver melhor o presente e nos fortalecer pro futuro. Ótimo texto!

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  3. Em qualquer adversidade "lembra de mim", pq eu amo vc.

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  4. Johnny, se vc que leu lembrou muita coisa, imagina eu enquanto escrevia!! rsrs! Bjs, amigo!!

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  5. Papito, li o que escreveu e quase pude ouvir sua voz doce e firme repetindo cada palavra pra mim. :) Tks for all.

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  6. Gui, não apenas na adversidade lembro de você. Você faz parte da minha vida desde sempre. Aliás, uma vida que não é nem minha, mas nossa. Te amo sempre, desse nosso jeito maluco! rsrs

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  7. Eu gosto de lembranças também amigan...
    Gosto das boas, gosto das ruins.... elas são as nossas experiências e as nossas "ex-periências.
    São o "resultado inacabado" da incrível soma de tudo o que vivemos, dizemos passamos,,,de tudo o que somos!

    Kissuuus!

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  8. De tanto ouvir vcs falarem de lembranças acabei lembrando de Malacandra, de C.S. Lewis. Lá em Malacandra (o planeta Marte) vivia uma raça de seres muito antiga, os Rhossa, que viviam apenas de lembranças de seus feitos do passado longínquo. A média de vida destes seres era em torno de um milhão de anos. Como o planeta era compartilhado com outras duas espécies inteligentes, no passado houve muita beligerância, mas agora só restava a eles lembrar os feitos heróicos.
    Embora muito evoluídos, tornaram-se seres muito tristes e melancólicos.
    Lembrar pode ser bom, mas é muito triste. Até as boas lembranças acabam trazendo melancolia.
    Melhor fazer como Paulo: "Esquecendo das coisas que para trás ficam, sigamos para o alvo..."

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  9. É um ponto interessante, tio Moa... no entanto, acho que tudo depende da nossa postura diante das lembranças. Da mesma forma que uma lembrança boa pode trazer melancolia, uma ruim pode dar forças pra continuar. Depende de como vamos tratá-las....
    Bom, de qualquer forma, este é apenas um depoimento de como eu as trato e convivo com elas em paz. :) bjss!

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  10. E como vc disse antes, as lembranças não pedem licença mesmo rsrsrrs

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